Se há coisa que sempre me faz arrepios é o tipo super-mãe.
Sou mãe há muito pouco tempo (3 anos e 3 meses) de 2 crianças, sendo uma delas (a mais velha) portadora de Trissomia 21, e uma das coisas que me tem custado ouvir é a que sou uma excelente mãe.
Porque sou uma excelente mãe?
A minha filha Raquel nasceu com Trissomia 21 e eu adoro a miuda, ando sempre na galhofa com a pipa Raquel, levo-a às terapias (e mais de mil outros sitios), a minha princesa parece uma princesa (ele é vestidinhos, com lacinhos a combinar, as malinhas de menina, os sapatinhos todos pipis - mas sem ser pindérica - ele é os penteados...). Só por essas coisas sou uma mãe espectacular... como se fosse algo de extraordinário tratar assim um filho.
O comportamento habitual, nesta era da civilização (é ler Philipe Aries - o nascimento do amor paternal/maternal acontece no séc. XVIII) é ser assim... é que para um(a) pai/mãe a deficiência de um filho constitui uma parte (maior ou menor) do todo, com maiores ou menores implicações. O que quero dizer é que a deficiência não define, aos meus olhos, a minha filha.
A pipa Raquel é muito mais que a sua Trissomia 21. E eu, como mãe dela, só por o ser não sou uma excelente mãe.
Embora o seja (mãe excelente, excelente mãe), mas tanto da pipa Raquel como do pipo Filipe).... (falsas modestas...puh..,. dão-me nojo).
Voltando à vaca fria... Odeio a Super-Mãe... o tipinho "sou mãe de uma criança com deficiência, que já faz isto assim, ou assado" dá-me arrepios... Como se os nosso filhos tivessem que provar que:
1. Somos (nós, seus pais) pessoas excelentes
2. Os nossos filhos são mal compreendidos, percebidos, pela população em geral.
3. Têm de justificar a sua existência...
Como diz a Carla, auxiliar de educação, da sala da minha filha no infantário:
"Nós estamos na aprendizagem dos afectos!"
Um grande bem-haja,
da PIPA