Segunda-feira, 22 de Outubro de 2007

O que a PIPA gosta é da realidade alternativa

Li o meu primeiro livro de ficção cientifica quando tinha  11 ou 12 anos.

Lembro-me de ir a casa dos meus tios e olhar para as estantes e ver os livros da "Argonauta" com as suas capas cinzentas e desenhos mortiços e imaginar outros mundos, outras possibilidades. É o que o mundo como o conhecemos sempre me pareceu irreal. Para mim as leis da entropia seriam necessariamente quebradas. O corpo humano pareceu-me, sempre, limitado (e frágil). Talvez por isso sempre adorei os livros da Marvel . As possibilidades pareciam ilimitadas. O meu maior sonho era de viver uma aventura, no espaço... naquela altura, ainda era uma criança, queria viver uma história tipo "O Monstro do Espaço" do Heinlein.

O Robert Anson Heinlein escreveu mais tarde um livro fantástico, pelo qual ficou mais conhecido "Um estranho numa terra estranha". O Herói era marciano (humano nascido em Marte), chega à Terra e apresenta uma nova forma de viver, uma doutrina, quase religião.

O que Heinlein estava a fazer era satirizar a visão que a sociedade e a religião tinham sobre a sexualidade dos anos 60. É como, quase, um hino ao estilo hippie, com o amor livre, a despreocupação da juventude, a contestação dos valores conservadores. Ele era um crítico mas estava a pregar a quem não queria, ou não sabia ouvir. Escutar.

Ganhou popularidade, dinheiro e mais tarde conseguiu escrever com menor repressão. Em 1973 (ano em que nasci) Heinlein escreveu "Time Enough to Love", onde escreve as primeiras aventuras de Lazarus Long. E estas aventuras já são mais explicitas (sexualmente falando) do que lhe tinha sido permitido anteriormente pelos seus editores em "Um estranho numa terra estranha".

Nunca poderei esquecer Heinlein (morreu em 1988) porque sinto que muita da minha personalidade foi influenciada pelo que ele escreveu. Heinklein foi dos primeiros escritores a trazer várias áreas do conhecimento à escrita da ficção cientifica: administração, sociologia, psicologia, política, economia, genética, entre muitas outros. Sente-se a inter-acção com os personagens e acho que ele passava muito também da sua vida para a escrita.

Depois de Heinlein li outros autores, e recordo o Philip K. Dick e o Farmer, através de uma névoa de culpa e mágoa, porque tenho os seus livros nuns caixotes no sótão, a ganhar pó e talvez  a estragarem-se....

Pai Natal, se me estiveres a ouvir... este Natal gostava de ganhar a versão inglesa (Hardcover) da série do Farmer "RIVERWORLD "...

Xuacs da PIPA
sinto-me:
publicado por apipadospipos às 12:28
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