Hoje de manhã encontrei uma conhecida, que é mãe de um menino com trissomia 21, com a mesma idade da minha filha. Começamos a falar de algumas dificuldades com que nos temos deparado e ali estava eu a sentir uma grande afinidade com ela quando ela solta uma bomba!
Antes prefiro que o meu filho seja assim (com Trissomia 21) que ser gay como o filho da minha cunhada! Ela não sabe que eu sei mas eu sei do que ele gosta!"
Fiquei de cara á banda! Totalmente! por mais básica que tenha sido a sua formação é de esperar (achava eu) que tendo sido vítima de descriminação (por causa do filho... acreditem que não é fácil... as pessoas são mesmo muito estúpidas) ela tenha outro tipo de sensibilidade.
Mas não. A sua posição é terrível. Ser homossexual é uma vergonha para a família, é contranatura e por aí fora. E eu fiquei impávida com aquilo e sinto, neste momento, até um pouco de vergonha de ter ficado calada. Optei por um rápido adeus e segui o meu caminho.
Em parte calei-me porque a vejo carregadinha de preto pela morte do irmão no ínicio do ano (está cadavérica), porque a filha está a estudar longe no Porto, porque o menino tem imensos problemas respiratórios e está constantemente internado, cuida do sogro que está numa cama nos últimos 6 anos depois de um AVC, está desempregada. É tanta coisa má na vida de uma pessoa... tenho pena dela.
E depois... ando-me aqui a queixar disto e daquilo quando tenho tantas coisas pelas quais estar grata.
Toda a minha família está de boa saúde e perto, a minha filha tem Trissomia 21 mas é super saudável, tenho a sorte de não precisar de trabalhar para pagar as contas e poder cuidar dos meus filhos, que me trás muito mais bem estar e satisfação que tratar da vida dos outros...
É que como socióloga trabalhei com toxicodependestes, prostitutas, ex-presidiários, crianças em risco, famílias a receber o rendimento mínimo, mulheres maltratadas, adolescentes grávidas... enfim com gente com tantos problemas para os quais muitas vezes não encontrava resposta ou não conseguia motivar para mudanças positivas de estilos de vida, pessoas que não aceitavam os programas de protecção que existem, que não se conseguiam integrar mesmo depois de se encontrarem em fase de recuperação das suas dependências.
Sinto falta de parar para falar com Deus e agradecer as suas bênçãos. Tomo tanta coisa como certa e não é. Num minuto tudo muda e podemos seguir outro caminho, encontrar muros que parecem incontornáveis. A vida é um desafio e e o Homem é tão frágil...
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.