Quarta-feira, 31 de Outubro de 2007
O pipo Filipe, hoje, já com 1 ano, 4 meses e 1 dia, tem já algumas características que indicam o terror que um dia vai ser:
1. Já só pensa em gaijas ...
Não sei se foi por ter sido amamentado até aos 7 meses, quase exclusivamente a maminhas, desenvolveu um fetiche pronunciado por mamas de tal forma preocupante que tenho medo de usar decotes porque o miúdo, invariavelmente me coloca o dedo indicador no vale entre as "meninas" ou mete a cara dentro da roupa e esfrega a cara, primeiro de um lado, depois do outro. Se estiver a chorar (é um bocado chorão) ou a fazer birra basta passar um ser do sexo feminino para se acalmar e dá logo um grande sorriso e manda beijinhos. Mas a qualquer uma... seja teenager ou avozinha....
2. A segunda palavra que disse na vida foi água
Tem que haver água . SEMPRE. Seja num biberão , na torneira, banho ou numa poça...
Quando chego a casa tenho sempre a rotina de ir com ele à torneira ao pé da garagem para ele abrir e molhar as mãos e a cara ( e claro sapatos e calças).
3. É teimoso
Todos os dias tenho de passar 1 a 2 horas fora de casa. Depois de fechar o portão, vou a correr para o poço onde já tenho uns sapatos para trocar; e depois meto-o no baloiço e empurro, empurro, empurro. Segue-se a caixa de areia com pás e baldes... E a Raquel que lhe manda areia por cima (ehehehe... a miúda é mesmo mázinha) E as voltas ao terreno....Quando o obrigo a ir para dentro de casa a gritaria é tanta que temo que a seg. social me bata à porta com queixas de maus tratos infantis.
4. É porco
Toma banho todos os dias e é bem esfregado... mas ganhou o cognome de "Visigodo" e "Porquinho oinc oinc": Ao almoço põe comida no cabelo (nos dias de peixe tresanda), as calças ficam tão pretas que quando as lavo tenho vergonha de as mandar pra senhora que me passa a roupa (é que o preto não sai dos joelhos). Os babetes não duram uma refeição. (os da pipa Raquel duram 1 dia inteiro de pequeno almoço, lanche, almoço, lanche e jantar).
Por outro lado:
É MESMO MEIGO.
Já me tinham dito que os meninos eram mais meigos que as meninas mas eu não acreditava. Mas é mesmo verdade. E quando olha para mim é como se tivesse tudo o que quer na sua mão. Como se eu fosse o (seu) sol.
Terça-feira, 30 de Outubro de 2007
O natal já está aí à porta e começa a ser hora de fazer a lista....
Porque um pai Natal sem lista não faz compras, uma Pipa tem de ser bem esperta em lhe fazer chegar os seus pedidos para o sapatinho.
Até hoje já experimentei algumas manobras (embora nem sempre com bons resultados):
1. Mandar alguém falar com o Pai Natal
2. Deixar papelinhos na carteira
3. Falar incessantemente dessa prenda especial
E hoje o Pai Natal falou-me DIRECTAMENTE SEM ENGANOS que a melhor forma de lhe dar a lista é escrever no blog... colocando os links ou pondo fotos....
Acabou-se a magia...
música: Jingle bells já não há papel...
Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007
Há pouco tempo, num casamento, à mesa redonda, exclamei: "Com 2 filhos, há já pouca coisa que me enoje...".
E o tipo (que ia contar qualquer coisa meio ordinária, brejeira), assim como o resto da personagens presentes pensaram logo cocó .
Existem, aparentemente, alguns mitos sobre os bebé s , entre os quais a imediata correlação entre bebé e cocó
Mas não... entre o largo leque das acções presenciadas por mim e desenvolvidas pelos meus pipos podem contar-se inúmeras nojices, em que o cocó (que parece ser a coisa mais temida pelos não-pais ") nem sequer entra:
1. Comer do chão (actividade preferida do pipo Filipe, porque a pipa Raquel é uma princesa e apanha os restos, obviamente deitados ao chão, parcialmente mastigados pelo pipo Filipe, com cara de enfadada e vem-mos entregar, ou aponta e diz mamã aaaaaa ")
2. Vomitar para cima de mim, sem que me dê vontade de vomitar (e eu tenho estômago fraco)
3. Entregar a comida meio mastigada à mamã Pipa (e lamento informar mas, uma vez, estava de tal forma distraída , que meti um bocado meio mastigado pela pipa Raquel, na minha própria boca e, na boa, comi-a)
4. Dar de comer às bonecas (sopa num pobre peluche é lixado...)
Com tudo isto, os não-pais " ficam esclarecidos: não, não é o cocó que devem temer mas antes, todo o processo da comida, enquanto é processada ou devolvida (por meios não comuns)!
E hoje, também me surpreenderam...
Fiz carne picada (vaca) com arroz prós pipos. Cada um comeu o que quis e depois levantei os pratos. Foi aí, nesse instante que percebi que os pipos devem estar loucos. Os pratos ainda não estavam vazios e quiseram trocar... A pipa Raquel comeu o resto do prato do irmão e ele também quis comer o resto da mana. E era só arroz!
Ficaram contentes e eu com cara de parva...
Terça-feira, 23 de Outubro de 2007
Se há coisas que mais me dá ganas de partir pratos é quando acho que me estão a ir ao bolso...
A máquina da louça avariou... outra vez!
Chamei o "homem"... outra vez!
E paguei... outra vez!
Mas já avisei... à próxima compro uma nova.
Eu da próxima vez venho e não cobro nada... prometeu-me o "homem".
Ou está a mentir ou desta vez é que ficou bem arranjada...
Se eu pago impostos porque é que esta malta não me dá recibos e paga também os impostos?
Eu não quero ser mazinha mas cada vez mais me convenço que uma das coisas piores que aí anda é a falta de cidadania e respeito...
Não me venham dizer que o Governo, as finanças são uns canalhas, exploradores... e por aí fora, e que os trabalhadores liberais, empresas e outros tantos, que fogem ao pagamento dos impostos consideram justo a fuga aos impostos...
Existe aqui nesta justificação mesquinha um falso sentido da moralidade que nada faz pelo país e por todos nós que nele vivemos.
Adeus
(PIPA pensativa)
Segunda-feira, 22 de Outubro de 2007
Li o meu primeiro livro de ficção cientifica quando tinha 11 ou 12 anos.
Lembro-me de ir a casa dos meus tios e olhar para as estantes e ver os livros da "Argonauta" com as suas capas cinzentas e desenhos mortiços e imaginar outros mundos, outras possibilidades. É o que o mundo como o conhecemos sempre me pareceu irreal. Para mim as leis da entropia seriam necessariamente quebradas. O corpo humano pareceu-me, sempre, limitado (e frágil). Talvez por isso sempre adorei os livros da Marvel . As possibilidades pareciam ilimitadas. O meu maior sonho era de viver uma aventura, no espaço... naquela altura, ainda era uma criança, queria viver uma história tipo "O Monstro do Espaço" do Heinlein.
O Robert Anson Heinlein escreveu mais tarde um livro fantástico, pelo qual ficou mais conhecido "Um estranho numa terra estranha". O Herói era marciano (humano nascido em Marte), chega à Terra e apresenta uma nova forma de viver, uma doutrina, quase religião.
O que Heinlein estava a fazer era satirizar a visão que a sociedade e a religião tinham sobre a sexualidade dos anos 60. É como, quase, um hino ao estilo hippie, com o amor livre, a despreocupação da juventude, a contestação dos valores conservadores. Ele era um crítico mas estava a pregar a quem não queria, ou não sabia ouvir. Escutar.
Ganhou popularidade, dinheiro e mais tarde conseguiu escrever com menor repressão. Em 1973 (ano em que nasci) Heinlein escreveu "Time Enough to Love", onde escreve as primeiras aventuras de Lazarus Long. E estas aventuras já são mais explicitas (sexualmente falando) do que lhe tinha sido permitido anteriormente pelos seus editores em "Um estranho numa terra estranha".
Nunca poderei esquecer Heinlein (morreu em 1988) porque sinto que muita da minha personalidade foi influenciada pelo que ele escreveu. Heinklein foi dos primeiros escritores a trazer várias áreas do conhecimento à escrita da ficção cientifica: administração, sociologia, psicologia, política, economia, genética, entre muitas outros. Sente-se a inter-acção com os personagens e acho que ele passava muito também da sua vida para a escrita.
Depois de Heinlein li outros autores, e recordo o Philip K. Dick e o Farmer, através de uma névoa de culpa e mágoa, porque tenho os seus livros nuns caixotes no sótão, a ganhar pó e talvez a estragarem-se....
Pai Natal, se me estiveres a ouvir... este Natal gostava de ganhar a versão inglesa (Hardcover) da série do Farmer "RIVERWORLD "...
Xuacs da PIPA
sinto-me:
Quinta-feira, 18 de Outubro de 2007
Se há coisas que mais goste de fazer é comer um bom prato.
Seja um bom prato português, sushi ou pizza, o importante é a qualidade. Tenho sempre na manga 2 ou 3 hipóteses que nunca, até hoje, fazem má figura,,,
Infelizmente, há certos sítios que nos deixam um travo na boca (e não é quando vou pagar a conta) que nos impelem a nunca mais lá por os pés...
Ontem, fui jantar no Siga la Vaca (C. C. Montijo). Se passarem por lá vão ver que está, com excepção de datas comemorativas, como o dia dos namorados, invariavelmente vazio. O que é estranho, pois têm das melhores Caipirinhas que já provei; a carne é gostosa (embora já uma vez me trouxeram carne bem passada), o preço é aceitável.
Mau, mau é o serviço (lento, lento, lento).
Trouxeram para a mesa uns pãezinhos quentinhos, deliciosos, que se desfaziam na boca. O "catch" é que não tinham manteiga... "Só temos 2 patés de sardinha.." Como se eu fosse estragar o pão com paté de sardinha (daquela embalagem redonda, com interior cor de laranja que de sabor a sardinha não tem nada)...
Pedi uma capirinha, mais 2 coca-colas... e nada... Chegaram as bebidas um pouco antes da comida e por favor pedimos as coca-colas.
A carne estava boa, as batatas e os arroz comiam-se. Chega a parte da sobremesa e temos de escolher as "Túlipas Argentinas" (€ 4.45 cada). É um doce com um crepe meio bolacha ondelado recheado com fruta em pequenos pedaços, gelado, uma clara com açucar baunilhado e decorado com traços de doce de framboesa ou morango.
Fabuloso... mas tivemos de esperar 20 minutos para pedir, porque só havendo um empregado de mesa e com necessidade de ir beber cerveja à cozinha (que eu vi ninguém me contou) a situação já estava pedimos/não pedimos.
Mas pedimos e ainda bem. O jantar foi bom o serviço foi péssimo.
Não dei gorjeta. O tipo não se chateou nada porque se o hálito da criatura era indicativo, a preocupação era ver se nós nos iamos embora rápido para continuar o seu hábito solitário.
Chegámo a casa com tempo para mudar fraldas, dar medicação ao pipo Filipe, xixi no penico à pipa Raquel, vestir pijamas e pôr na cama os nossos anjinhos. Tudo isto antes de começar o último episódio do "24H"...
Eu não sei é o que vou fazer na próxima quarta-feira à noite. Se calhar vou deitar-me cedo. Pois... nãaa...
adios,
PIPA
Quarta-feira, 17 de Outubro de 2007
Gaba-te cesto...
Qual excelente mãe , mãe excelente. qual quê...
Ontem, o meu pipo Filipe caiu com a cara no chão e um dos dentes incisivos centrais saiu "um pouco" para fora e segundo a dentista que fui hoje de manhã está morto... quer isto dizer que está desvitalizado... vai ficar escuro mas não vai cair! O que é bom, por que vai poder utilizar esse dente para mastigar...
No próximo mês temos da lá ir novamente para "acertar o dente" (o dente tem de ser desbastado porque está muito mais comprido que os outros).
É obvio que me sinto a pior mãe do mundo. Mas eu juro que estava mesmo ali ao lado! Foi uma questão de segundos . Um segundo estava de pé e no outro estava deitado no chão a chorar, com a boca cheia de sangue.
Peguei no pipo Filipe e na pipa Raquel e fui imediatamente para a CUF Descobertas (onde fui atendida assim que cheguei), onde o pai pipo já estava à nossa espera. A pediatra que nos atendeu ainda nos falou para irmos a uma consulta de estomatologia mas o pediatra do pipo Filipe (cujo filho também caiu de cara no chão e fez o mesmo a um dente) indicou-nos uma dentista . O que foi espectacular , porque é uma profissional cheia de experiência que me comentou que "isto tá sempre a acontecer". Pois... mas não aos meus pipos...
O meu gaijo , super calmo, contou-me que ao irmão aconteceu a mesma coisa (e minha mãe hoje também me disse que o mesmo sucedeu ao meu irmão), para eu não me preocupar que são só dentes de leite, mas estas questões são mais que os dentes. Se fosse um braço, ou uma perna sentia o mesmo. São coisas assim que me fazem questionar se sou mesmo, mesmo, boa mãe ou se só tenho essa ideia.
Ainda me sinto um pouco abananada...
Xuacs ,
da PIPA
sinto-me: sinto-me tão confusa
Terça-feira, 16 de Outubro de 2007
Se há coisa que sempre me faz arrepios é o tipo super-mãe.
Sou mãe há muito pouco tempo (3 anos e 3 meses) de 2 crianças, sendo uma delas (a mais velha) portadora de Trissomia 21, e uma das coisas que me tem custado ouvir é a que sou uma excelente mãe.
Porque sou uma excelente mãe?
A minha filha Raquel nasceu com Trissomia 21 e eu adoro a miuda, ando sempre na galhofa com a pipa Raquel, levo-a às terapias (e mais de mil outros sitios), a minha princesa parece uma princesa (ele é vestidinhos, com lacinhos a combinar, as malinhas de menina, os sapatinhos todos pipis - mas sem ser pindérica - ele é os penteados...). Só por essas coisas sou uma mãe espectacular... como se fosse algo de extraordinário tratar assim um filho.
O comportamento habitual, nesta era da civilização (é ler Philipe Aries - o nascimento do amor paternal/maternal acontece no séc. XVIII) é ser assim... é que para um(a) pai/mãe a deficiência de um filho constitui uma parte (maior ou menor) do todo, com maiores ou menores implicações. O que quero dizer é que a deficiência não define, aos meus olhos, a minha filha.
A pipa Raquel é muito mais que a sua Trissomia 21. E eu, como mãe dela, só por o ser não sou uma excelente mãe.
Embora o seja (mãe excelente, excelente mãe), mas tanto da pipa Raquel como do pipo Filipe).... (falsas modestas...puh..,. dão-me nojo).
Voltando à vaca fria... Odeio a Super-Mãe... o tipinho "sou mãe de uma criança com deficiência, que já faz isto assim, ou assado" dá-me arrepios... Como se os nosso filhos tivessem que provar que:
1. Somos (nós, seus pais) pessoas excelentes
2. Os nossos filhos são mal compreendidos, percebidos, pela população em geral.
3. Têm de justificar a sua existência...
Como diz a Carla, auxiliar de educação, da sala da minha filha no infantário:
"Nós estamos na aprendizagem dos afectos!"
Um grande bem-haja,
da PIPA
sinto-me: Puh... O amor é tudo!
Quinta-feira, 11 de Outubro de 2007
Uma das coisas que mais gosto é de acampar. Mas tem de ser com as condições todas:
1. A tenda é boa e espaçosa, tem laterna que se pendura.
2. As casa de banho são muitas e boas (LIMPAS)
3. Tem piscina e a praia é próxima
4. Tem restaurante
5. Não tem muita gente
Isto é o ideal, porque na maior parte das vezes não é assim...
As melhores férias da minha vida (com excepção da lua de mel) foram num parque de campismo (Parque de Campismo da Galé), há 10 anos atrás, em que:
1. A tenda era pequena e era emprestada
2. As casas de banho eram longe mas razoavelmente limpas
3. Não tinha piscina e a praia era longe
4. Não tinha restaurante
6. Estava com capacidade lotada
O que tornou este acampamento memorável foram um conjunto de factores impossíveis hoje de reproduzir, porque a malta cresce e já não somos os mesmos. A frescura, vitalidade ou que qiserem chamar o que caracteriza a juventude é substituida pelas nossas experiencias de vida que nos revelam factos da realidade real (adoro as hiperboles) que nos mudam... são cenas...
A malta: MOI, (colocar pronúncia de miss. piggy - um dia vou escrever sobre a piggy e eu... vão morrer de rir), o meu gaijo, o irmão pequinino do gaijo (que já tinha 1.89 mas era piquinino, tinha só 18 aninhos), a minha tia com as minhas 2 primas, os meus tios, a minha irmã e o filhote.
Facto caricato n.º 1: A minha irmã levou lençois e pijama de cetim.
Facto caricato n.º 2: Os meus tios resolveram aparecer um sábado com comida e levaram CAMARÔES ( que estavam fabulosos).
Facto caricato n.º 3: A melhor comida foi ravioles de lata em molho de tomate.
Ainda ontem, eu e o GAIJO nos rimos a bom rir desses ravioles. É que mal chegámos à civilização resolvemos ir comprar uma lata. Que decepção... Nem conseguimos dar 2 garfadas. À primeira garfada descobrimos que era verdade a relação entre fome e apetite: Quanto maior a primeira maior o segundo.
Mal posso esperar para irmos acampar. Este verão é que é! Mas tenho cá ideia de alugar um bungalow... é que já tenho idade para outro conforto e o chão já não é para mim.
bye, bye
A PIPA
Quarta-feira, 10 de Outubro de 2007
A pipa é muitas coisas, (sendo a maior parte motorista de C3, prós pipos irem prá escola, prás terapias da pipa Raquel ao DIFERENÇAS e ao LATTI, ir buscar o GAIJO ao comboio...), mas também faz muitas coisas. E uma delas é ARTS E CRAFTS...
Há coisa de uma semana deu-me na cabeça fazer uma borboleta com contas e missangas numa pregadeira e acho que não correu nada mal.
Depois, fui tirar fotos para ilustrar como a minha borboleta se enquadra bem na natureza.
Enjoy,
Sofia, a PIPA dos pipos